sexta-feira, 4 de julho de 2008

Achado










O pátio desta tasca recorda-me sempre o mesmo, de que a vida imita a arte, e não ao contrário. Mas claro está que não é assim linear e chapado. A arte bebe na vida, sorve a, destila e digere o que encontrou, transforma e devolve mais limpo e apurado, de forma que a vida já se pode espelhar na obra e ficar toda vaidosa.
Olho para este cantinho formidavelmente rico, e lembro-me de um Cabrita Reis, ou outros seus semelhantes, que lhe descobriram noutros lugares e noutros contextos a essência e o dizer mudo.

Particularmente aqui, espanta-me a genuína força criativa anónima, o impulso da originalidade a rebentar por entre o não saber como e o desgaste do dia, como se fosse uma erva a crescer de uma racha no alcatrão. Nesta frente de altar, ou balcão, não há polimento, nem arestas limadas. Apenas um plano geral e muita improvisação. A liberdade tomada de assalto pela surpresa. O pensar direito sucumbiu com um riso feliz.
Deve ter sido depois, que vieram outras necessidades de função. Impuseram-se os acrescentos sucessivos, os materiais de recurso, o ajeitar e anichar no espaço possível, até que 'a coisa' cresceu para corpo autónomo dentro de outro corpo, enigmático e quase desagregado.

O vinho é de jarro, a comida caseira, e a simpatia é de contenção agradável.

2 comentários:

Anónimo disse...

e onde é?

Alyne disse...

Caos: No Cantinho do Frade, Setúbal