sábado, 31 de maio de 2008

Carne










...mas por enquanto, há carne -

Hoje, o mar vinha com linhas limpas,
e com a rebentação mesmo branca.
Tenho o prazer do corpo exigido
e da boa dor.

domingo, 25 de maio de 2008

...E Depois








Já tive o privilégio de pôr o dedo num ponto onde se une o mundo, sentir a pressão, o esmagamento do espaço, a excitação dos átomos circundantes ... a correrem-me pelo corpo.
...e depois?

terça-feira, 20 de maio de 2008

Tóque Final e Nada Divino










O encontro destas duas rochas não poderia acontecer noutro sítio.
Ou tenha sido este encontro que originou o sítio?
Isto deve ser um dos umbigos do mundo.
Um nó de onde divergem espaço e tempo.
Não existem acasos, apenas coincidências.
O meu tempo persegue-me, tenho de mudar de rumo para o despistar.

Flatland II









Metromover-station, a dois quarteirões da marginal para Cascais, ou coisa que seja. Tanto faz. É o que sustenta o glamour. Não me parece ser, já, 'Little Havana', que é onde se vive, não cheguei a saber se perigosamente. É outra coisa qualquer, e que não percebo, no centro de uma cidade.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Flatland










Aí umas duas ruas da costa para o interior, estende-se a outra realidade, plana e rasa, e aos quadrados marcados no sapal. Sem cristais.

domingo, 18 de maio de 2008

Mirrorwalk

Facetas do Mesmo









É curioso, como o olhar repetido sobre o mesmo objecto o transforma em paisagem. Começa-se a revelar sob luzes e ângulos diversos, ganha uma personalidade como se fosse uma montanha ou uma árvore isolada. Neste caso particular, absorve o redor para devolvê-lo. Tem dimensão que chegue para brincar aos Legos com a cidade.

Pool-Games








Certa vez, a tentar escamotear o bronze de camionista adquirido durante o trabalho, virando-me de lado a lado, em posições incómodas assumidas na espreguiçadeira, e a minha vaidade aos gritos mudos mandar encolher pançinha e entesar os ombros, reparei na senhora solitária aí ao fundo, dormitando ela, alheia aparentemente. Éramos quatro, nessa altura. Quatro machos, e em fila. Postas de carne roxa a depelar, grelhadinhos e pronto para consumo. Patéticos - soube o na altura. Abstraí-me, a observar o cenário. Um passo para trás e ver de fora. Eles lá iam chegando, aos poucos, primeiro dois, depois mais dois, mais um, mais três... e a senhora se ia virando, não se molhava se não no chuveiro, ficando nesse canto afastado. Jogos de Brasucas, Softball na piscina, e ela a levar com salpicos, claro. Mil desculpas...e nada....claro.
Passado uma hora ou tal, a senhora arruma as tralhas e passeia-se daí para fora, tranquila, digna, e sem palavra.
Mantive a panç(inh)a recolhida porque os gajos eram todos esculturais.

sábado, 17 de maio de 2008

Logo ao Lado










O condutor do táxi tinha ar de casmurro e bruto, enquanto 'enrolhava' as 4 malas na bagageira. Livra o lugar do morto de jornais, de sandes e garrafas vazias, manda-me sentar.
Puxo conversa na mesma, chama-se Enrico e é da Nikkarággua, e nós ?...de onde? ...verdade? E começa a cantar, em espanhol, numa voz roca e quente, o Fado de Lisboa, todinho, enquanto deslizamos pela I-95. Daí até ao aeroporto, discursa entendidamente sobre Cristiano Ronaldo e Figo.

Zig-Zag










A alvorada insinua-se com ternura, mesmo assim.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mentha-Babe


E de vez em quando, algo no fundo do olhar, que talvez até seja o meu reflexo, diz mais que o resto. Ou fala outra lingua que seja já, afinal, minha.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Pele


O tempo nao foge, infiltra-se através dos momentos pelos poros. Um resíduo a cheirar a suor e mofo e urina.
Uma poeira desesperante da finura de 1 por 10 - com 43 zeros seguidos - de segundo.
Lavamo-nos, pomos cremes. Temos massagens, alimentaçao saudável, e muito sexo.
O tempo não foge, nós fugimos dele.

Fluidos



escorrer o negrume pelo pulso

domingo, 4 de maio de 2008

Sabre



Nu e cru, cortar a eito, sem considerações,

sem pensar ser correcto ou compreensivo,

levar avante, não hesitar,

decidir no impulso e não recuar.