quarta-feira, 30 de abril de 2008

Uroborar




Com tanta conversa por ai, recorrente, sobre umbigos e fios condutores da vida, sobre caminhos nas entranhas da terra, renascimentos, e cordoes umbilicais,...ocorre-me isto.

Desenhar a liberdade.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Ariadne



Somos o que fazemos, diz-se.

Mas isso desliga o ser emocional do material.

Deveria dizer-se 'Somos como fazemos o que fazemos'.

domingo, 27 de abril de 2008

Natureza Valente










Antes, uma pessoa despe-se e desfaz-se do seguro externo.

Faz-se presa corajosa, segura em si, e em fuga para a frente.

Na aterragem, convem mostrar graciosidade.

sábado, 26 de abril de 2008

Alturas (da Vida)



Quando se vê os helicópteros mais abaixo,

percebe-se a diferênça de escala...

ou quando a luz já nao ocupa um sentido só.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Trofeus














Nao fosse um diabo, diria que era o despojo
de sereias depois do banquete na ilha encantada.

Hoje passei por uma loja com crocodilos, leoes,
cabras, gnus e gazelas empalados.

Perto, havia um stand de rua a enfeitar os turistas
com papagaios e um pitao amarelo a volta do pescoco,
para a foto do album dos momentos unicos.

No tempo de um almoco alongado, o 'Power-boat'
- de amarelo choque e letras vermelhas dizendo 'Thriller'
completou por duas vezes a 'Millionair's-Tour' a 50 mph
com 35 netos, pais e avos, pelos canais e rias,
rasando as ilhas das villas famosas e voltando pelo alto mar.

Tambem hoje passeei por uma Costa da Caparica
multiplicada por 50 em extensao, e 10 em altura,
e mesmo assim tirando partido da heranca arquitectonica.

No fim, pergunto-me o que isso tudo tenha a ver com
um pobre diabo espetado numa parede de marmore,
esquecido e menosprezado.
E tenho a resposta encontrada enquanto escrevo.

domingo, 20 de abril de 2008

Sereias

E sim, as sereias existem, todos os dias, ao ponto de serem uma chatice bem real. Distraem do caminho da virtude e do plano seguro da vida, e do plano poupanca-reforma. ( Desculpem a falta de accentos, cedilhas e outras particularidades da lingua portuguesa. Nao, ainda nao aceitei, nem tenciono fazer tal coisa, o acordo ortografico. Simplesmente este teclado nao preve estas subtilezas.) Dizia eu que poem um homem facilmente sem norte e a boiar na rebentacao. Mas tambem nao e novidade nenhuma, a lenda nao queria dizer mais nada a partida. 'O problema' - quase o unico - como dizia um senhor de ca hoje, e serem as mulheres aqui demasiado belas.

sábado, 19 de abril de 2008

Espectativa










Há muitos anos, era assim, e ainda hoje é, e uma parte do encanto persiste nisso e assim.
Na retaguarda é o caos, hoje, das caixas de fósforos - pretenciosas e selváticas, porque: não tenham dúvidas que isto não é a selva, apenas auténtico.

Ferienlager

Eu não sou de sarcasmos por achá-los um sucesso fácil, mas não resisto. É demais. As férias concentradas.








Sempre achei que as vedações, os muros, as armaduras, as defesas...funcionam para os dois lados. Protegem, mas também privam. Mas os percursos de vida acautelam-nos e entende-se os mecanismos. Simpatizamos, damos o desconto. Até entendo este cenário bizarro. Há de se proteger a propriedade arrendada, mas a semelhança com outros 'campos' fez-me estremecer, ficar com o riso entalado na garganta. Aqui passa-se tempos de lazer, o verão do ano trabalhoso, a descontracção suposta e merecida.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Linhas Tortas











Outra escrita, porque é assim, naturalmente.
Entende-se, e sem precisar de perceber.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Holístico










Mas não há altura em que se ultrapassa ISTO?
Não basta ter a vida aos farrapos, em pedaços ranhosos e fora de prazo.
Não, ainda vem uma cereja em cima do bolo - é que nem consigo perceber nada.
Tenho de adivinhar.
Apetece mesmo fazer 'tabula rasa' e começar de novo.
Com grelha fixa, folhas do mesmo tamanho, em linguagem simples e língua já aprendida.
Com só uma camada de mensagens, e prazos limitados.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Querer













Os afectos precisam da proximidade de um braço?
Qual é a importância da imagem do outro?
E se estiver numa gaveta, guardada para os momentos
em que nos sentimos próximos de qualquer maneira?
E se for Budista e pratica a arte do desapego?
E se o desapego for ferida coberto de calo?
E o afecto uma calosidade amolecida?

domingo, 13 de abril de 2008

Preto, Branco, e Vermelho










Estou cansado dos calhaus ...
nas mãos dos outros, como peso nos ombros e carne nas costas, a fazer-se coração, espalhados pelo caminho, nos sapatos, e no saco que levamos.
Ficam bem a enfeitar práias e lavatórios, a fazer murinho de jardim, e a ficarem quietinhos e quentinhos deitadas sobre as costas. Também servem bem para considerações metafísicas sobre o Cheio e o Nada.
Mas aparte disso são um empecilho chato.

sábado, 12 de abril de 2008

Como Circundar II











Por vezes encontramos lugar assim
e seguimos por não necessitar dele.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vasos Comunicantes













Parte de dispositivo em modo de stand-by, com defluxo residual de radiação não-entrópica, em 'osmose' entre sistemas estanques de dimensionalidades enroladas de grandezas incompatíveis.
Supõe-se que o efeito, comparável ao de condensação em magnitude corrente, deriva do acoplamento aleatório de padrões - apenas exactamente repetitiveis quando superiores a Constante de Planck - e causando descontinuidade topológica com a consequente emissão de fragmentos do tecido espacial.
Estes resíduos dispersos seriam sintonizáveis mediante aplicação de um campo indutivo de frequências, que os alinharia em espaços de 'Calabi-Yau' de grandeza já comensurável, porém apenas no eixo perpendicular aos três do espaço comum, e com a exigência da omissão de Singularidades.
O dispositivo foi originalmente elaborado com a finalidade de canalizar e distribuir energias de baixa voltagem, mas a sua configuração estética-espacial promoveu o efeito residual referido em condições de luz na gama azul do espectro visível e com amplitude menor de frequência, coincidente com a recepção próxima de um sms poético, e - simultaneamente - com descargas subliminares neuronais, da parte do observador do fenómeno, durante considerações sobre o paradeiro do 'Gato de Schrödinger'.



Cuspir da Ponte














A propósito de elevadores cheios, e do Nada aterrador.


(ou: início de movimento entrópico entre dois sistemas originalmente estanques)

Pergunta: O que tem a ver a lança em África com o turismo de 'singles'?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Como Se Circunda








O Vazio não importa, Nada saberemos sobre ele. Importa é como circundá-lo. Como se aproximar, chegar-lhe perto, deixá-lo intocado. As artes fazem essencialmente isso. Pôr o Vazio a dizer. Dar cor ao silêncio, reverberar na pedra, arrancar a luz - com tinta da China - ao branco.
Também Nada saberemos sobre o Cheio.

Óh!

domingo, 6 de abril de 2008

A Linha Traçada









Joga-se com o imaginado e procura-se tocar no horizonte.
Quando acontece, deixa de o ser, e tende-se
- em progressão - a olhar para outro.

Não fugindo, todo o cuidado é pouco,
é frágil como bolha de sabão,

tem a delicadeza de um arco-íris,
e a consistência de nevoeiro.

Reage a vibrações de corda bamba, ou de viola,
e não permite - nunca - esticanços em demasia.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Umbilicalar













Não, não é náufrago
que passou tempo de mais

na Ilha Encantada
antes de se safar.

Não, também não é
o Spiderman depois
de acasalar,

nem um Herpes facial
em estado contagiante.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Boiar









Acidentes acontecem, shit happens, e sereias nos levam a águas mais calmas... ?
Tanto quanto sei, são devoradoras, monstruosas, encantadoras, sedutoras,...
a perfídia encarnada, e bem encarnada.
Mas olhando bem, o que seduzia era a voz, do aspecto o mito não fala muito, não.
Atraiam para rochedos submersos para devorar os náufragos.
Há também uma versão mais aprazível, deixando os apenas presos numa ilha encantada...que elas habitavam. Aí já seriam belas? Comiam-nos devagarinho?
Promessas doces, ou projecções de homens que se fazem ao mar.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Estado Planador










É turístico, eu sei, mas tem-me atraído ultimamente.
Ainda o vento está frio depois do sol.
Mas fico meio dormente ao som de mornas ou de Miles,
e recostado num velho sofá esgueiro-me do dia,
deslizo suavemente para o azul profundo.

Jogos de Cintura

Essa ainda é 'made in Portugal',
à medida das conveniências e dos desejos geopolíticos.
Mas está cá no bairro, em escala menor, de corpete um pouco manchado e esfarelado, por banhar-se ao sol há já muito tempo.
Sedutora, no entanto.
Graciosa, a fazer pose, e de cabeça levantada na penúmbra.